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Todos@web - Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web

LEBRAILLETWT: Interface touch screen acessível para Twitter

Categoria:

Tecnologias assistivas / Aplicativos

Descrição do projeto:

LEBRAILLETWT: Interface touch screen acessível para Twitter

1. INTRODUÇÃO

A utilização crescente de redes sociais em ambientes virtuais através de interfaces touch screen em smartphones e tablets trouxe enormes benefícios quanto à usabilidade e disponibilidade de acesso para os usuários desses dispositivos móveis. No entanto, o acesso à informação através destes dipositivos representa um novo desafio de interação para usuários com deficiência visual. Neste contexto, este trabalho descreve um estudo sobre a problemática da acessibilidade virtual em redes sociais, mais especificamente no Twitter. E, como alternativa, desenvolveu-se, a fim de promover a acessibilidade nesse ambiente, um aplicativo para acessar a rede social Twitter, através de smartphones touch screen utilizando a plataforma Android. Este aplicativo provê acessibilidade para este público pelo retorno sonoro da interface do sistema e se apresenta como uma solução que visa facilitar a interação do deficiente visual com o Twitter por meio destes dispositivos móveis. Também é analisada, por meio de um estudo de caso, a utilização dessa solução com um grupo de pessoas com deficiência visual. Deste modo, busca-se principalmente visualizar as dificuldades enfrentadas por estes usuários em situações de uso durante a interação com a interface.

2. PROBLEMÁTICA DE ACESSIBILIDADE VIRTUAL EM REDES SOCIAIS

O surgimento e difusão das redes sociais na internet é um dos mais importantes fenômenos emergentes em relação ao uso de novas tecnologias. Atualmente, uma das formas de criar e manter vínculos sociais é através da utilização dessas redes virtuais. Com isso, as formas de interação com estes novos instrumentos de mediação necessitam de inovações.

Um dos principais problemas encontrados em redes sociais é a não garantia de acessibilidade. Resultados obtidos em estudos pelo Organización Nacional de Ciegos de España, em 2010, disponível em: http://www.discapnet.es/Observatorio/Observatorio_Accesibilidad%20redes%20sociales_Version_detallada.doc apontam que o nível de acessibilidade nas principais plataformas de redes sociais é muito baixo. Este estudo avalia resultados procedentes de análises técnicas e análises de experiências e contatos dos usuários com as plataformas.

A necessidade de acessibilização se baseia no acesso crítico vivenciado por deficientes visuais, visto que estes são limitados ao uso dos softwares leitores de telas. Portanto, este público necessita que as redes sociais sigam padrões mais rígidos, para que os leitores de telas possam navegar de forma satisfatória.

2.1 Acessibilidade no Twitter

A rede social Twitter é detentora de uma interface simples, um dos motivos que favoreceu sua tamanha aceitação. Porém, no requisito de acessibilidade aos usuários com deficiência visual, constatou-se que o site possui links confusos, com conteúdo em inglês e que direcionam para outras janelas sem prévio aviso, algumas imagens sem descrição, contraste não adequado e níveis de cabeçalho desordenados, gerando dificuldades para que os softwares leitores de tela consigam acessar as funcionalidades do sistema. Estes itens elencados como erros de acessibilidade foram extraídos a partir das diretrizes de acessibilidade do e-MAG 3.0 - Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico Brasileiro.

Apesar dos problemas elencados acima, a interface padrão do Twitter possui um nível aceitável de acessibilidade, não impedindo por completo que usuários cegos a utilizem. Existem também algumas soluções de acesso utilizando os smartphones, por exemplo o TweetList (plataforma Apple) e o Tweet60 (plataforma Nokia, com teclado físico). Contudo, até este momento, não existe uma solução para a plataforma Android.

3. LÊBRAILLETWT: UMA PROPOSTA DE UM CLIENTE TWITTER ACESSÍVEL

A interface inicialmente planejada, segue as recomendações sugeridas por Façanha (2011), em http://lebrailletwt.greenbeans.com.br/downloads/Artigo%20TISE2011.pdf , visando possuir um bom nível de acessibilidade e implementa as principais funcionalidades do Twitter. Estas funcionalidades são:

- Timeline: Para ambientar quais foram as 20 últimas postagens dos usuários.
- Tweet: É a postagem de uma mensagem de até 140 caracteres.
- Retweet: Reencaminhar um tweet de um contato para sua lista de contatos.
- Configurações: Login e Senha de acesso ao sistema. Esta opção é pré-configurada durante a instalação.

Outra funcionalidade fornecida por esta solução é um modelo de entrada de dados que favorece a autonomia do deficiente visual na utilização do software através do toque de tela no dispositivo móvel smartphone. O retorno sonoro dos dados apresentados na tela é fornecido pelo sintetizador de voz instalado no celular, podendo ser utilizadas diversas vozes de acordo com a preferência do usuário. O LêBrailleTWT, como citado anteriormente, foi implementado para a plataforma Android. O software provê acesso ao Twitter através de uma entrada de dados baseada em gestos e na formação de caracteres semelhantes aos do Sistema Braille, inseridos através do toque de tela. Estes caracteres formados pelos toques do usuário são dados de entrada tratados pelo software e posteriormente traduzidos para o alfabeto comum a fim de construir as mensagens enviadas ao Twitter.

Após a instalação do software, o usuário deve iniciá-lo através de um atalho instalado no dispositivo. Em todas as opções de entrada de dados é disponibilizada uma interface que traduz os caracteres da forma de escrita Braille para os caracteres do alfabeto, a fim de gerar a mensagem de texto para o LêBrailleTWT.

A opção Timeline fornece acesso às mensagens na tela, com o arrasto horizontal ocorre a navegação entre as mensagens e um toque longo em qualquer ponto da tela dispara o retweet da mensagem. Para voltar ao menu inicial deve ser utilizada a movimentação do acelerômetro(função shake) do aparelho.

4. ESTUDO DE CASO
O aplicativo LêBrailleTWT, conforme exposto, é direcionado a um público específico: os deficientes visuais que se utilizam cada vez das redes sociais virtuais. Por este motivo, a verificação e validação da utilidade prática do software se faz necessária através de avaliações voltadas para o público alvo. O objetivo principal dessa estruturação de avaliação é obter informações de caráter qualitativo dado as percepções relatadas pelos participantes durante a realização de entrevistas.

Desta forma, foram utilizados para os testes um aparelho Galaxy 5 I5500B, tela de 2.8”, com o sistema Android 2.2, além de instalados e configurados para síntese de voz em português os aplicativos eSpeak TTS v 1.0 e SVOX Classic Text To Speech Engine. Após o período de discussões, apenas para conhecimento da solução, foi apresentado aos participantes o layout da aplicação.

A validação inicial do sistema foi feita junto a um grupo de 10 deficientes visuais voluntários. Foi utilizada a técnica de experimentos com grupos focais, onde foi implementado o teste em duas sessões com duração de 2 horas cada. O grupo foi dividido pela metade e, desse modo, em cada sessão foram avaliados 5 deficientes.

O teste foi realizado pelos voluntários através de uma entrevista semi-estruturada com preenchimento de questionário. Antes da interação inicial com o aplicativo LêBrailleTWT, os deficientes submeteram-se a testes práticos para comprovação de habilidades com o sistema Braille, onde transcreveram algumas frases para este sistema. Em seguida, foi apresentado o detalhamento da proposta e um modelo tátil, que propiciou uma orientação física quanto à posição dos botões do aplicativo na tela do aparelho móvel.

Os deficientes visuais que participaram dessa experiência possuíam o seguinte perfil:

* 07 Homens e 03 Mulheres
* Possuíam entre 21 e 41 anos de idade
* 01 possuía baixa visão
* Todos tinham conhecimentos em Braille e noção do funcionamento do Twitter
* 01 utiliza o aparelho iPhone e outros 2 já haviam tido rápido contato com interfaces de toque usando o iPhone.


O desafio prático proposto para cada participante era tweetar o alfabeto completo através da interface de entrada de dados.
Um exemplo de utilização encontra-se disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Tw5BNl2Il7Q&context=C40de77aADvjVQa1PpcFNEm2SzMdb-waDK6UiOEn8cRmSZRDIUVv4=
5. CONCLUSÕES
Os estudos investigativos sobre a interação do deficiente com interfaces de apelo estritamente visual, como é a de toque, é uma demanda que está se iniciando e que, por isso, requer cada vez mais estudos e pesquisas aplicadas.

Considerando isto, é relevante observar que os itens apresentados no link http://lebrailletwt.greenbeans.com.br/#secao3 são os que possuem as principais métricas de avaliação para este tipo de solução. Portanto, estes resultados constituem-se como fundamentais para orientar o desenvolvimento de soluções acessíveis às pessoas com deficiência visual.

6. REFERÊNCIAS
[1] FAÇANHA, Agebson R. VIANA, Windson PEQUENO, Mauro C.. Estudo de interfaces acessíveis para usuários com deficiência visual em dispositivos móveis touch screen. XVI Congreso Internacional de Informática Educativa (TISE 2011), Santiago Chile.

[2] ONCE, Observatorio Accesibilidad TIC – discapnet. Accesibilidad de Plataformas de Redes Sociales. Dec. 2010.

Mais informações:

http://lebrailletwt.greenbeans.com.br/